Apostas e casinos online: um cancro publicitário
Para o arranque do mês de Setembro trago-vos um tema relacionado com anúncios publicitários.
Já repararam que ultimamente não há 2 minutos de um espaço publicitário em que não passem 2 ou 3 anúncios a jogos a dinheiro? Ele é raspadinhas, apostas desportivas, casinos online e sabe-se lá o que mais, num constante bombardear de apelos ao jogo a dinheiro.
Sendo mais do que estudado o efeito de extrema dependência que os jogos a dinheiro podem provocar, levando muitas vezes à ruína financeira, faz sentido não haver qualquer limite, ou mesmo uma proibição total deste tipo de anúncios?
Quem já tiver um pouco mais de idade, certamente se lembrará que era perfeitamente normal ser-se bombardeado com anúncios a marcas de tabaco antes de meados da primeira década de 2000, altura pela qual a publicidade a este tipo de produtos foi proibida.
Outro exemplo é o das bebidas alcoólicas, cuja a possibilidade de publicitação passou a ter regras muito mais apertadas, incluindo restrições de horário para a divulgação publicitária a este tipo de produtos.
Até a publicidade a produtos que contenham elevado valor energético, teor de sal, açúcar, ácidos gordos saturados e ácidos gordos transformados tem regras muito mais apertadas do que aquelas que regulam as apostas a dinheiro, que têm o cúmulo de serem ainda menos restritivas para os jogos sociais do Estado, onde não se aplica a proibição a publicidade de jogos e apostas a menos de 250 metros em linha reta de escolas ou outras infraestruturas destinadas à frequência de menores.
Estou certo que chegará o dia em que este tipo de publicidade será, no mínimo, muito mais restritiva, se não mesmo proibida como a do tabaco. Até lá, é ver um rol de figuras públicas a fazer a apologia a este tipo de jogos, sabendo que 1,3% da população portuguesa já apresenta sinais de se virem a tornar jogadores patológicos. Fica a pergunta: onde está a responsabilidade social destas figuras públicas?